segunda-feira, 12 de março de 2012

Descalabro na saúde de Belém


 Publicado em O Liberal em 11/03/2012
Cláudio Puty (*)

O Ministério da Saúde lançou no dia 1º de março o Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (IDSUS 2012), um indicador que tem como objetivo avaliar os diferentes níveis de atenção (básica, especializada ambulatorial e hospitalar e de urgência e emergência) entre municípios brasileiros. O Índice dá uma nota entre 0 a 10 aos municípios, estados e regiões e, assim, mede a capacidade dos serviços e ações de saúde em servir a população. 

A nota triste na divulgação do IDSUS foi a constatação que o Pará tem o pior serviço de saúde do país, ficando na lanterna dentre as 27 unidades da federação.

Belém, cidade supostamente de melhor estrutura de serviços de saúde do estado, não se comportou de maneira diferente: foi a penúltima capital em qualidade do sistema de saúde pública, perdendo apenas para o Rio de Janeiro.

A tabela abaixo compara algumas capitais brasileiras. Verificamos que nossa capital perde inclusive para cidades de perfil de renda similar ou menor, como São Luis e Teresina.   
 Vitória
7,07
Curitiba
6,96
São Luís
5,93
Salvador
5,86
Teresina
5,62
Manaus
5,58
Rio Branco
5,56
Belém
4,57
Rio de Janeiro
4,33
Pará
4,17
Brasil
5,47
  IDSUS (2008-2010).


A pergunta óbvia a ser feita é: porque esses indicadores são tão ruins em Belém? Alguns irão recorrer à velha explicação que culpa a vinda dos pacientes do interior do Estado e que isto saturaria a rede municipal. Mas, ao compararmos com outras capitais da Amazônia, que vivem o mesmo problema, como Rio Branco e Manaus, observamos que obtiveram notas muito melhores que Belém. 

Parece-me óbvio que a gestão de nosso município nos últimos oitos anos é a responsável pela péssima qualidade do serviço de saúde em Belém. 

A comparação com as notas desagregadas de Manaus no IDSUS é bastante reveladora da responsabilidade da Prefeitura de Belém. 

Índices que colaboraram com a reprovação da atual gestão na saúde revelam um desmonte da atenção básica e dos programas de saúde da mulher em nossa capital. 

Vamos aos números do Ministério da Saúde: a cobertura populacional da atenção básica é de 5,41 em Manaus contra 4,63 em Belém; saúde bucal 4,38 contra 3,11; taxa de mamografias em mulheres de 50 a 69 anos 4,11 contra 1,76; exames de colo de útero 4,55 contra 3,59 e sífilis congênita 2,94 contra 5,51. Esses números revelam um verdadeiro ataque à população mais pobre e particularmente às mulheres, que são maioria em nossa cidade. 

A comparação com as outras capitais do Brasil demonstra que há caminhos para melhorarmos muito a saúde por aqui. E esses caminhos passam pela reconstrução dos serviços de atenção básica, particularmente aumentando a cobertura do Programa Saúde da Família, a descentralização dos programas de atendimento à saúde da mulher e a construção de Unidades de Pronto Atendimento em nossa capital que permitam a humanização dos serviços de Urgência e Emergência, para que finalmente deixem de ser tema das manchetes nas colunas policiais de nossos jornais. 

Enfim, precisamos mudar radicalmente os rumos da gestão da saúde em Belém do Pará.

(*) Deputado federal (PT-PA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário e assim que for possível, o publicarei no blog. Obrigado pela visita.