sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Crise financeira mundial é tema central de entrevista de Dilma em NY

Crise financeira internacional é tema central da entrevista da presidenta Dilma em Nova Yorque


Uma viagem com muitos compromissos e com resultados positivos para o Brasil. Foi assim que a presidenta Dilma Rousseff resumiu os quatro dias de trabalho em Nova York, onde participou, entre outros compromissos, da Assembleia Geral da ONU, momento em que entrou para a história como a primeira mulher a abrir o Debate Geral desde a fundação das Nações Unidas.
Durante entrevista coletiva concedida na tarde desta quinta-feira (22/9), no Waldorf Astoria Hotel, a presidenta Dilma fez um relato dos compromissos em que participou na cidade americana, incluindo oito encontros bilaterais com chefes de Estado e de Governo e três reuniões na ONU – uma relativa a doenças crônicas não transmissíveis, uma outra relativa à questão do empoderamento das mulheres, e a terceira sobre segurança nuclear.
Ela falou, ainda, sobre temas de interesse nacional e global, como a crise financeira internacional, assunto mais recorrente na conversa com os jornalistas. Dilma Rousseff reiterou que o Brasil está pronto para resistir à crise, ainda que não imune a efeitos indiretos, e lembrou da solidez em que o país se encontra. “Nós temos bancos saudáveis, nós temos uma situação diferenciada”, disse. Veja alguns trechos da entrevista coletiva:
Crise financeira
“Esperamos que a crise seja resolvida. Nós não somos responsáveis pela crise e não somos aqueles que sofrem a crise diretamente. Não somos. Não há a menor dúvida. Mas também não se pode alegar que não soframos as consequências indiretas da crise. Sofremos. Primeiro, porque o mercado internacional reduz, não é? Ele se reduz, na medida em que as economias desenvolvidas diminuem o tamanho de seus mercados, na medida em que há desemprego, na medida em que há contração da demanda. Sofremos as consequências e, como sofremos as consequências, julgamos que temos todos os direitos de participar e de discutir as saídas.”
Encontro do G-20
“Julgamos que o G-20, na França, tem de tratar das questões relativas à nova configuração tanto dos organismos multilaterais, também, quanto a configuração das soluções para a saída dessa crise, que eu não acredito que seja passível de ser dada pela ação de uma economia ou de um grupo pequeno de países. Acho que é uma questão que nós temos de procurar a solução conjuntamente nos moldes, até muito bem feitos, daquele momento em 2008/2009, quando o mundo reagiu de forma organizada e coordenou políticas macroeconômicas.”
Repercussão da abertura da Assembleia Geral da ONU
“No geral, eu recebi muita manifestação de concordância, muita manifestação de concordância. Especificamente houve, eu queria destacar uma, que vai dar origem a uma consequência, que foi a do presidente Juan Manuel Santos. Porque com ele eu acertei que nós precisamos estreitar as relações dentro dos países da Unasul e, portanto, que iríamos fazer uma reunião de presidentes de Banco Central e de ministros da Economia da região, mais uma vez, no sentido de concertar, de acertar e de articular todas as reações macroeconômicas que vamos fazer.”
Reforma dos organismos multilaterais
“Obviamente que o que eu acho que vai estar colocado em Cannes e que eles também se manifestaram nesse sentido é a questão da discussão de como conduzir, como continuar as medidas de reforma dos organismos multilaterais, como o Fundo Monetário, o Banco Mundial, como melhorar a gestão e a concertação das medidas macroeconômicas comuns; quais serão as medidas prudenciais que devem ser tomadas nas esferas financeiras. Enfim, é aquela pauta que já vem de longe e que não foi completada.”
Crise na Grécia
“Há que decidir o que se fazer em relação à Grécia. Ninguém aqui acredita que um pacote de 8 bilhões resolva o problema da Grécia. Então, você tem de buscar a solução que seja politicamente consistente com o problema (…). Eu não acredito numa saída para a Grécia que simplesmente obrigue a Grécia sistematicamente a fazer cortes de 20%, cortar todos os seu funcionalismo público, vender o Partenon… Além de vender o Partenon, o que mais ela pode vender? As Ilhas Gregas… Eu não acho que essa solução seja correta.”
Reforma do Conselho de Segurança da ONU
“Eu acho importante para o mundo que a gente atualize o Conselho de Segurança. O Conselho de Segurança, no seu formato atual, foi produzido num outro contexto, tanto econômico como geopolítico, baseado numa visão de mundo que dava vantagens inequívocas para aqueles países que tinham controle da tecnologia nuclear (…). O mundo caminha para uma outra concepção, e há uma nova realidade econômica; os emergentes são uma realdade. Acredito que os pleitos tanto para ampliar e modificar os membros permanentes quanto para integrar os não permanentes com novas nações são pleitos justos e legítimos.”

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