Bancários podem iniciar greve na próxima terça-feira (27)
A próxima terça-feira (27) pode marcar o início da greve dos bancários no Pará e em todo o país. Hoje (22), a categoria no Pará se reúne em assembleia, na sede do Sindicato dos Bancários, para deliberar sobre essa paralisação por tempo indeterminado.
Na quarta rodada de negociações do Comando Nacional dos Bancários com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), ocorrida nesta terça-feira (20), em São Paulo, não foi apresentada proposta satisfatória de índice de reajuste pelos bancos.
Tentativas - Uma nova negociação foi agendada com a Fenaban para esta quinta-feira (23), a fim de continuar as discussões. Na segunda-feira (26), uma nova assembleia deverá ser realizada para definir os rumos do movimento.
Reajuste salarial - A proposta dos banqueiros inclui reajuste de 7,8% sobre os salários e as demais verbas (vale-refeição, cesta-alimentação, auxílio creche/baba, dentre outras), o que equivale a apenas 0,37% de aumento acima da inflação medida pelo INPC do período. Os bancários reivindicam reajuste de 12,8% no salário (inflação do período mais aumento real de 5%) e R$ 545 para cada uma dessas verbas.
Para o Comando Nacional, a reivindicação dos bancários é justa em face dos altíssimos ganhos das empresas. Segundo dados do Dieese, o setor financeiro apresentou o terceiro maior crescimento na economia nacional na comparação entre o segundo trimestre de 2011 e o mesmo período de 2010. A intermediação financeira cresceu 4,5% no período, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país atingiu 3,1%.
Outros dados apontam no mesmo sentido. A receita de prestação de serviços (proveniente principalmente das tarifas cobradas dos clientes) acumulada pelos seis maiores bancos no primeiro semestre cresceu 13,73% em relação ao mesmo período de 2010. Foram R$ 36,4 bilhões em 2011, contra R$ 32 bilhões em 2010.
Piso - Não está prevista valorização do piso da categoria, que também seria corrigido em 7,8% e passaria dos atuais R$ 1.250 para R$ 1.347,50 - muito abaixo da reivindicação da categoria, que é o salário mínimo calculado pelo Dieese em junho, de R$ 2.297,51.
O Comando Nacional não abre mão da valorização do piso salarial dos bancários. Dados do Dieese mostram que o piso da categoria no Brasil, equivalente a US$ 757, é mais baixo que o dos bancários no Uruguai (US$ 1.039) e quase metade do recebido pelos trabalhadores argentinos, que têm piso de US$ 1.432. O piso dos brasileiros é equivalente a US$ 6,3 por hora de trabalho, enquanto os argentinos recebem com US$ 9,8/hora, seguidos pelos uruguaios, que ganham US$ 8/hora.
PLR - Para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), os bancos propõem a manutenção do modelo do ano passado, com reajuste de 7,8% sobre a regra básica e a parcela adicional. Além de pagamento maior, os trabalhadores cobram o fim do desconto dos programas próprios de remuneração variável da PLR.
Enquanto oferecem ganhos rebaixados para a grande maioria de seus funcionários, a remuneração dos diretores e conselheiros de administração dos bancos não para de crescer. Segundo pesquisa do Dieese baseada nos balanços dos bancos, altos executivos de determinados bancos receberam, em média, R$ 683 mil mensais no ano passado, o que configurou um aumento de 22% em relação ao rendimento de 2009.
Emprego - Um ponto importante ausente da proposta dos bancos são medidas relativas à proteção e geração de empregos. Os bancários cobram o fim da rotatividade e das demissões imotivadas e a ampliação das contratações para melhorar as condições de trabalho e o atendimento aos clientes.
Plano de Cargos e Salários - A proposta da Fenaban não contempla a criação de Plano de Cargos e Salários em todos os bancos, o que significa a manutenção de distorções salariais e falta de valorização e ascensão profissional para todos os bancários.
Saúde do Trabalhador - A proposta apresentada não contempla o fim das metas abusivas e várias reivindicações relativas à saúde. Os bancos somente aceitaram a não divulgação de rankings individuais, uma reivindicação dos trabalhadores.
Segurança Bancária - Os bancos aceitam incluir na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários cláusulas sobre o transporte de numerário por bancários e o monitoramento eletrônico das agências. O Comando Nacional da categoria defende a proibição do transporte de valores pelos bancários, conforme estabelece a lei federal nº 7.102/83, e a instalação de câmeras com monitoramento em tempo real fora dos estabelecimentos controlados.
Os trabalhadores cobraram também a instalação de biombos para garantir privacidade aos clientes e coibir o crime de 'saidinha de banco'. As empresas não apresentaram proposta sobre o assunto. As demais propostas de segurança não estão contempladas. As reuniões da mesa temática passariam a ser semestrais, o que foi contestado pelo Comando Nacional, que defende mesas trimestrais.
(Com informações do Sindicato dos Bancários do Pará e Portal ORM)
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