Não há como alguém alegar inocência para acreditar na versão do ministro Gilmar Mendes, repercutida pela mentirosa revista Veja neste final de semana, acusando Lula de chantagear Mendes propondo trocar a blindagem de Gilmar, em caso de possível convocação para depor na CPMI do Cachoeira, pelo adiamento do julgamento no STF do processo do Mensalão.
Em primeiro lugar, a começar do ministro Nelson Jobim, todos os que poderiam confirmar a declaração de Gilmar o desmentem. Jobim é enfático ao declarar que em nenhum momento Lula e Gilmar ficaram a sós e, na frente dele, Nelson Jobim, dono do escritório de advocacia onde Gilmar alega ter acontecido a tal conversa, afirma categoricamente que a dita cuja não houve.
Em segundo lugar, Lula seria um estúpido se recorresse ao único ministro do STF nomeado por FHC para tratar desse caso, enquanto os demais citados na mentirosa revista, Ayres de Brito, presidente do STF; Joaquim Barbosa, relator do Mensalão e Ricardo Lewandowski, revisor do dito processo afirmam que nunca foram procurados por Lula.
Assim, o mais provável é que Gilmar esteja antecipando um álibi às futuras especulações a respeito de suas ligações com o esquema Demóstenes/Cachoeira, já que os três estiveram na mesma data na Alemanha. Embora não tenha(ainda) nenhum registro do encontro entre eles, resta a intervenção de Gilmar em favor do perdão de uma dívida das Centrais Elétricas de Goiás, algo pelo qual Cachoeira e Demóstenes muito se bateram.
E há, também, um antecedente preocupante nessas ligações perigosíssimas. Foi quando a ABIN e a Polícia Federal chegavam perto de Cachoeira, sendo pronta a intervenção da dupla Demóstenes e Gilmar, que resolveu denunciar que o Brasil tornava-se um estado policial, conseguindo o afastamento do delegado Paulo Lacerda do comando da PF, dando mais um tempo de impunidade a Cachoeira. Agora, com tudo vindo à tona e caminhando para provar que faziam parte da mesma quadrilha barões da imprensa, o ministro Gilmar Mendes e os partidos que comandam a direita brasileira para apear o PT do poder, surge essa inverossímil declaração de Gilmar, cuja única finalidade é desviar o foco das investigações. A pergunta que não quer calar é: por que esperou trinta dias para trazer assunto tão grave a conhecimento público?
Como nesses casos não há mera coincidência, o que se percebe é que a batata do ministro Gilmar Mendes tende a assar e queimar-lhe as mãos, já que o factóide por ele inventado não durou 24 horas e foi logo desmascarado pela única testemunha que podia socorre-lo, o ex-ministro Nelson Jobim.
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