O excesso de moralismo acaba servindo para esconder certas práticas que expõe a contradição do próprio discurso e provocando um efeito ainda mais devastador do que normalmente provocaria.
O caso do deputado pepessista Stepan Nercessian é bem ilustrativo dessa falta de sintonia entre discurso e prática. O PPS transformou a Lei da Ficha Limpa em instrumento de propaganda política e não resistiu aos fatos que fazem o dia-a-dia da política. Antes do dinheiro oriundo da contravenção que favoreceu o deputado carioca, já havia o caso do deputado Augusto Carvalho(PPS/DF), envolvido até o pescoço com a quadrilha de José Roberto Arruda, governador de Brasília flagrado pegando propina, de quem foi secretário de saúde sendo objeto de denúncias de extorsão, recebimento de propinas e envolvimento com todo aquele mar de lama.
No entanto, beneficiado pelo silêncio conivente de certo setor da imprensa, o partido fez seu auto julgamento e teve o desplante de auto absolver-se, embora a opinião pública continue perplexa e indignada, porque as evidências contra Augusto são cristalinas. Agora, surge o caso de Stepan, embora menos grave do que o de o do deputado brasiliense, mas, nem por isso infenso às investigações.
Que tudo isso sirva de lição para que não se use instrumento tão precioso à sociedade, como é a Lei da Ficha Limpa, como peça de marketing na medida em que isso banaliza uma luta que é de toda a população e não de meia dúzia de mistificadores políticos; bem como envolve todos os partidos políticos no compromisso de se reformar as normas vigentes a fim de se extirpar definitivamente a possibilidade da influência do poder econômico na escolha dos detentores de mandato eletivo, pois essa é a raiz de todas essas relações promíscuas que tanto minam a credibilidade daqueles que são eleitos para representar os interesses da coletividade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e assim que for possível, o publicarei no blog. Obrigado pela visita.