terça-feira, 20 de novembro de 2012

Fato novo ou armação?


A Polícia Civil do Pará abriu duas investigações para apurar o suposto envolvimento de um delegado na morte da missionária Dorothy Stang, em 2005.
O objetivo é descobrir se Marcelo Luz, á época delegado de Anapu (766 km de Belém), município onde a religiosa foi morta, forneceu a arma que foi usada no crime.
Carlos Silva - 12.fev.2004/Reuters
A missionária Dorothy Stang
A missionária Dorothy Stang
A polícia quer saber também se Luz cobrava propina dos fazendeiros para expulsar agricultores que invadiam propriedades da região.
Em entrevista à Folha, publicada ontem, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, condenado como mandante da morte, afirmou que o delegado lhe pediu R$ 10 mil em troca da proteção de sua propriedade contra invasores ligados à Dorothy.
As informações sobre o suposto envolvimento do delegado só vieram a público neste ano e, por isso, no fim de agosto, a polícia abriu as investigações. Ambas tiveram seus prazos prorrogados.
Uma das investigações corre no âmbito administrativo, que pode acarretar punições na corporação. Outra investigação é policial, que pode resultar em denúncia contra o delegado na Justiça.
Marcelo Luz atualmente está lotado na delegacia de Viseu (307 km de Belém).
A assessoria da Polícia Civil diz que o delegado não se pronuncia sobre o caso. Anteriormente, ele já havia negado essas acusações.
A origem da arma que matou Dorothy, um revólver calibre 38, é uma das lacunas do caso. A PF descobriu que ela foi comprada em uma loja de armas em Alagoas, mas não conseguiu rastrear como a arma chegou até Anapu.
A arma foi usada por Rayfran das Neves Sales para dar seis tiros à queima-roupa na missionária. Ele confessou o crime, em coautoria com Clodoaldo Batista. Ambos foram condenados.
Rayfran trabalhava para o fazendeiro Amair Feijoli, conhecido como Tato. As terras de Tato eram visadas por Dorothy para serem transformadas em assentamento rural. Tato confessou ter dado a arma usada por Rayfran.
O que faltou descobrir foi como essa arma chegou a Tato. Em março, ele disse à revista "Época" que o delegado Marcelo Luz lhe deu a arma para que se protegesse de invasões em sua terra.
Após a entrevista, o policial federal Fernando Raiol, que participou das investigações sobre o caso, registrou em cartório depoimento confirmando a história. Raiol disse ainda que Bida é inocente. A defesa do fazendeiro tenta anular sua condenação.
(Folha.com)

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