Vereador Marquinho, presidindo a Sessão Especial para discutir a grave situação da Fundação Pestalozzi do Pará |
A Fundação Pestalozzi foi pauta de uma sessão especial ontem na Câmara Municipal de Belém (CMB). Os motivos são inúmeros. Denúncias graves contra professores, funcionários, gestores antigos e atuais. Supostos casos de pedofilia, maus-tratos, agressão, desrespeito, desvios de doações e mais uma série de problemas administrativos que acontecem há, pelo menos, 10 anos. A sessão foi requerida pelo Vereador Marquinho do PT e contou com a presença do presidente da Fundação, Álvaro Britto, de funcionários, de entidades da sociedade civil organizada e de uma representante da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
A Fundação Pestalozzi é uma entidade
privada, mas que presta serviço de interesse da sociedade e que, por
isso, é fiscalizada pelo Ministério Público do Estado. Com
aproximadamente um ano à frente da Fundação, Álvaro garante que
conseguiu entender e juntar todos os documentos comprobatórios que
provam as irregularidades pelas quais a Fundação vem passando. “O INSS e
o FGTS dos funcionários não foram descontados. Uma doação de 400m³ de
madeira nobre vindo do Ibama, nunca apareceu. Há cerca de 500 veículos
que foram doados pelo Governo para a Fundação, foram vendidos e estão
rodando por todos os Estados da Federação, e ainda recebo multas. Havia
uma negociação para vender o terreno da Fundação para uma construtora de
Belém, que eu estou barrando dentro do Colegiado da Fundação”, lista o
presidente da Fundação.
CONVÊNIO
CONVÊNIO
Dentro da Fundação funciona a escola em
regime de convênio Lourenço Filho, que atua com professores da Seduc,
mas com base em um convênio não assinado há seis anos. “O convênio com a
Seduc não é renovado desde 2007. Essa semana mandaram uma Comissão
Interventora para atuar no Colégio. Eles estão atuando lá na marra”,
afirma. Para o coordenador pedagógico da escola, Marcelo Bezerra, a
comissão deveria ter outra motivação. “A escola passa por inúmeros
problemas, inclusive a falta de gestão. Mas chegou uma comissão se
apresentando como interventora e eu fui retirado por ela da sala onde
exercia a minha função. Acho que precisamos, sim, é de um assessoramento
pedagógico, mas não de uma intervenção, como foi feita. Enfrentamos uma
crise que requer reorganização”, avalia.
Segundo a diretora de Educação para
Diversidade Inclusão e Cidadania da Seduc, Aldeise Queiroz, que esteve
na última segunda-feira instaurando a comissão, a mesma vai para
garantir o funcionamento da escola. “É uma Comissão de Assessoramento
Técnico e Pedagógico porque eles estão sendo impedidos de trabalhar pelo
atual presidente. Recebemos denúncias de que ele está maltratando os
funcionários. Todo mundo lá trabalha com medo”, relata. Sobre o convênio
não assinado ela explica: “Ele só não está assinado, mas funciona como
se estivesse”, garante.
O presidente se defende. “Sofro pressão por
um grupo de funcionários. Ela (representante da Seduc) se refere aos
funcionários que eu já disse que vou devolver à Seduc, alguns não têm
nem qualificação para exercerem a função”, responde.
Professora Roscyo Burton, aposentada da Fundação Pestalozzi |
A professora de Educação Física da escola,
Roscyl Burton, que também estava presente se pronunciou indignada. “Não
temos aqui que brigar com o Governo, mas temos que falar dos problemas
que enfrentamos há mais de uma década. Casos de pedofilia, de
perseguição. No ano passado um funcionário foi pego em ato libidinoso
com a sobrinha de um aluno, um caso que não foi sequer à delegacia, teve
conivência da direção. Tivemos uma professora que batia com uma chave
na cabeça de um aluno, fazia isso sempre, no dia que sangrou, ela foi
apenas transferida. Muitas coisas aconteceram, mas havia um medo de
denunciar por conta do poder de quem dirigia a escola”, revela.
A presidente da Fundação de Atendimento
Sócio Educativo do Pará (Fasepa), Teresinha de Jesus Moraes, participou
da sessão e prestou o apoio à situação da Fundação. “Precisamos
conversar sobre cada tópico e esclarecer alguns pontos, acho que devemos
fazer uma visita à Fundação. Mas já nos coloco à disposição”, diz. Uma
visita oficial já foi marcada pelo vereador Marquinho do PT. “Proponho
que na próxima terça-feira, às 15h, façamos essa visita. Precisamos
fortalecer essa luta e averiguar todos as denúncias que recebemos,
inclusive sobre a questão da tentativa de venda do terreno para uma
construtora que tem a ver, inclusive, com as alterações no Plano
Diretor. Vamos convidar todos os vereadores, conselhos e órgãos
interessados”, conta.
(texto extraído do Diário do Pará)
"O único olhar que a sociedade está tendo em direção àquele espaço é o olhar de mercado, do lucro que se pode ter com a venda de seu terreno" (Vereador Marquinho).
(texto extraído do Diário do Pará)
Vereador Amaury Sousa também esteve presente à Sessão, representando a APPD |
Eugênio Maneschy, Presidente da Associação Paraense de Portadores de Paralisia Cerebral |
"O único olhar que a sociedade está tendo em direção àquele espaço é o olhar de mercado, do lucro que se pode ter com a venda de seu terreno" (Vereador Marquinho).
P.S-Diante de todas essas narrativas, algumas estarrecedoras, tudo que a Câmara Municipal de Belém, legítima representante do povo da capital, fez até aqui foi 'parir' um monstrengo horroroso em forma de projeto de lei inviabilizando a continuidade daquela instituição e entregando à especulação imobiliária o imóvel onde funciona. É contra isso que o meu mandato, mais alguns vereadores e vários e combativos membros da sociedade civil há meses juntam-se para impedir. O Vereador Marquinho desabafou toda sua indignação contra o que ele chamou de invisibilidade dessa população; "O único olhar que a sociedade está tendo em direção àquele espaço é o olhar de mercado, do lucro que se pode ter com a venda de seu terreno".
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