quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Deu no "Diário do Pará"

Vereador Marquinho, presidindo a Sessão Especial para discutir a grave situação da Fundação Pestalozzi do Pará

A Fundação Pestalozzi foi pauta de uma sessão especial ontem na Câmara Municipal de Belém (CMB). Os motivos são inúmeros. Denúncias graves contra professores, funcionários, gestores antigos e atuais. Supostos casos de pedofilia, maus-tratos, agressão, desrespeito, desvios de doações e mais uma série de problemas administrativos que acontecem há, pelo menos, 10 anos. A sessão foi requerida pelo Vereador Marquinho do PT e contou com a presença do presidente da Fundação, Álvaro Britto, de funcionários, de entidades da sociedade civil organizada e de uma representante da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
A Fundação Pestalozzi é uma entidade privada, mas que presta serviço de interesse da sociedade e que, por isso, é fiscalizada pelo Ministério Público do Estado. Com aproximadamente um ano à frente da Fundação, Álvaro garante que conseguiu entender e juntar todos os documentos comprobatórios que provam as irregularidades pelas quais a Fundação vem passando. “O INSS e o FGTS dos funcionários não foram descontados. Uma doação de 400m³ de madeira nobre vindo do Ibama, nunca apareceu. Há cerca de 500 veículos que foram doados pelo Governo para a Fundação, foram vendidos e estão rodando por todos os Estados da Federação, e ainda recebo multas. Havia uma negociação para vender o terreno da Fundação para uma construtora de Belém, que eu estou barrando dentro do Colegiado da Fundação”, lista o presidente da Fundação.

CONVÊNIO
Dentro da Fundação funciona a escola em regime de convênio Lourenço Filho, que atua com professores da Seduc, mas com base em um convênio não assinado há seis anos. “O convênio com a Seduc não é renovado desde 2007. Essa semana mandaram uma Comissão Interventora para atuar no Colégio. Eles estão atuando lá na marra”, afirma. Para o coordenador pedagógico da escola, Marcelo Bezerra, a comissão deveria ter outra motivação. “A escola passa por inúmeros problemas, inclusive a falta de gestão. Mas chegou uma comissão se apresentando como interventora e eu fui retirado por ela da sala onde exercia a minha função. Acho que precisamos, sim, é de um assessoramento pedagógico, mas não de uma intervenção, como foi feita. Enfrentamos uma crise que requer reorganização”, avalia.
Segundo a diretora de Educação para Diversidade Inclusão e Cidadania da Seduc, Aldeise Queiroz, que esteve na última segunda-feira instaurando a comissão, a mesma vai para garantir o funcionamento da escola. “É uma Comissão de Assessoramento Técnico e Pedagógico porque eles estão sendo impedidos de trabalhar pelo atual presidente. Recebemos denúncias de que ele está maltratando os funcionários. Todo mundo lá trabalha com medo”, relata. Sobre o convênio não assinado ela explica: “Ele só não está assinado, mas funciona como se estivesse”, garante.
O presidente se defende. “Sofro pressão por um grupo de funcionários. Ela (representante da Seduc) se refere aos funcionários que eu já disse que vou devolver à Seduc, alguns não têm nem qualificação para exercerem a função”, responde.
Professora Roscyo Burton, aposentada da Fundação Pestalozzi
A professora de Educação Física da escola, Roscyl Burton, que também estava presente se pronunciou indignada. “Não temos aqui que brigar com o Governo, mas temos que falar dos problemas que enfrentamos há mais de uma década. Casos de pedofilia, de perseguição. No ano passado um funcionário foi pego em ato libidinoso com a sobrinha de um aluno, um caso que não foi sequer à delegacia, teve conivência da direção. Tivemos uma professora que batia com uma chave na cabeça de um aluno, fazia isso sempre, no dia que sangrou, ela foi apenas transferida. Muitas coisas aconteceram, mas havia um medo de denunciar por conta do poder de quem dirigia a escola”, revela.
A presidente da Fundação de Atendimento Sócio Educativo do Pará (Fasepa), Teresinha de Jesus Moraes, participou da sessão e prestou o apoio à situação da Fundação. “Precisamos conversar sobre cada tópico e esclarecer alguns pontos, acho que devemos fazer uma visita à Fundação. Mas já nos coloco à disposição”, diz. Uma visita oficial já foi marcada pelo vereador Marquinho do PT. “Proponho que na próxima terça-feira, às 15h, façamos essa visita. Precisamos fortalecer essa luta e averiguar todos as denúncias que recebemos, inclusive sobre a questão da tentativa de venda do terreno para uma construtora que tem a ver, inclusive, com as alterações no Plano Diretor. Vamos convidar todos os vereadores, conselhos e órgãos interessados”, conta.
(texto extraído do Diário do Pará)
Vereador Amaury Sousa também esteve presente à Sessão, representando a APPD
Eugênio Maneschy, Presidente da Associação Paraense de Portadores de Paralisia Cerebral

 "O único olhar que a sociedade está tendo em direção àquele espaço é o olhar de mercado, do lucro que se pode ter com a venda de seu terreno" (Vereador Marquinho).

P.S-Diante de todas essas narrativas, algumas estarrecedoras, tudo que a Câmara Municipal de Belém, legítima representante do povo da capital, fez até aqui foi 'parir' um monstrengo horroroso em forma de projeto de lei inviabilizando a continuidade daquela instituição e entregando à especulação imobiliária o imóvel onde funciona. É contra isso que o meu mandato, mais alguns vereadores e vários e combativos membros da sociedade civil há meses juntam-se para impedir. O Vereador Marquinho desabafou toda sua indignação contra o que ele chamou de invisibilidade dessa população; "O único olhar que a sociedade está tendo em direção àquele espaço é o olhar de mercado, do lucro que se pode ter com a venda de seu terreno".

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