Na segunda-feira o jornal Folha de São Paulo entrevistou o delegado da PF Zampronha, que investigou a Ação Penal 470, apelidada de 'mensalão'.
O jornalão manchetou evazivamente: "Para delegado, mensalão é maior que o julgado no STF".
A manchete induz o leitor a pensar que os petistas, que tiveram a vida devassada, teriam cometido mais coisas do que foram acusados, porém o que se extrai do texto é que a parte maior dita pelo delegado seria um grande esquema de lavagem dinheiro, que envolve corruptores, e muito mais gente de todos os partidos, sobretudo o tucanato e seus aliados, que não foram devidamente investigados.
Pela entrevista, se conclui que o mensalão tucano de 1998 foi (com provas) tudo aquilo que a imprensa acusou de ser o chamado mensalão petista, enquanto o petista, segundo o delegado, ficou, em parte, nas más intenções, sendo abortado sem chegar a perpetrar grande parte dos crimes atribuídos, o que mostra a farsa do processo.
Segundo as palavras do delegado, dá para concluir:
1) o mensalão tucano teve um ciclo criminoso completo, com começo, meio e fim. Ou seja, houve empréstimos dos bancos, via empresas de publicidade, e foram quitados com dinheiro arrecado pelo esquema, inclusive desviado de estatais.
2) o próprio delegado afirma que, a exemplo do mensalão tucano, os empréstimos ao PT eram reais, e não simulados como afirmou o Procurador-Geral, e seriam (mas não foram), quitados com dinheiro arrecadado da corrupção, replicando o que fizeram os tucanos.
3) Não conseguiram provas contra José Dirceu, e o jornalão tem uma forma peculiar de dizer isso ao escrever: "Sobre Dirceu, o delegado da PF diz: Há vários elementos que indicam que ele sabia dos empréstimos e dos repasses para os políticos". Ora, indícios exigem investigações para comprovar ou não. Quando investigaram a vida, os sigilos bancários e telefônicos de Dirceu, os testemunhos, tudo isso mostrou distância dos demais envolvidos. Ou seja, quanto mais devassaram a vida de Dirceu, mais as provas apontaram para o sentido contrário às acusações e indícios iniciais.
4) O delegado também acredita que a denúncia deveria ser de caixa-2 e não de compra de votos. Ele, inclusive acha que caixa-2, conforme o caso, poderia levar doadores de campanha e operadores do mercado financeiro a serem denunciados por lavagem de dinheiro.
5) O PGR também errou ao denunciar funcionários que eram meros assessores, e diretores do Banco Rural sem responsabilidade pelos empréstimos.
6) Segundo acredita o delegado, a parte que teria provas mais robustas seria o caso Visanet. Ele acredita que o dinheiro foi público. A defesa alega que foi privado. É coisa que os juízes do STF terão que decidir com base nos estatutos e normas das empresas.
7) Resumindo, o 'menlasão' petista foi sem nunca ter sido, pois os empréstimos ao PT foram reais e não chegaram a ser quitados com dinheiro desviado dos cofres públicos, como aconteceu com o mensalão tucano de 1998.
A Folha repetiu o padrão que o ministro Joaquim Barbosa do STF, já disse. Toda vez que deu entrevista sobre o 'mensalão', perguntava ao final se o repórter não iria perguntar também sobre o 'mensalão tucano', e obtinha como resposta apenas sorrisos sem-graça.
(Os Amigos do Presidente Lula)