O promotor de justiça de Fundações, Entidades de Interesse Social,
Falências e Recuperações Judiciais, Sávio Brabo, informou ontem que
várias entidades de assistência social estão sendo investigadas, além da
Fundação Pestalozzi, Associação Arca de Noé, Centro Nova Vida e
Escola Salesiana, que receberam doações de veículos das Polícias
Militar, Civil e Secretaria de Segurança, mas que acabaram desviados e
vendidos a particulares por uma quadrilha que, segundo as
investigações, tinha como facilitadora a coronel da PM e diretora de
Apoio Logístico, Ruth Léa Costa Guimarães, e executor o corretor e
sucateiro Nicanor Joaquim da Silva.
Ela está presa, juntamente
com outras quatro pessoas, mas ele está foragido. Ao DIÁRIO, Sávio
Brabo disse que o número de carros doados chega a 1.500.
O
esquema de fraudes começou a ruir anteontem, depois que o juiz da 1ª
Vara de Inquéritos, Pedro Sotero, determinou a prisão preventiva dos
acusados. Foi Brabo quem deu origem às investigações que originaram a
entrada em cena de outras duas promotorias do Ministério Público, nas
áreas do patrimônio público e de crimes comuns, mas os crimes
praticados no âmbito militar devem provocar ações do promotor Armando
Brasil.
Segundo Brabo, os dirigentes de entidades de interesse
social que receberam as doações dos carros e não incorporaram os bens
doados ao patrimônio delas serão processados por ressarcimento de
dano material que causaram. Na justiça criminal também responderão por
abuso de autoridade, sem falar nos crimes tipicamente militares. “Há
um concurso de jurisdição especial, porque envolve várias
promotorias”.
DOAÇÕES
Ele explicou que
no rastro das investigações por ele iniciadas foi observado que
algumas entidades começaram a receber bens doados a partir de 2005,
pelas Polícias Militar e Civil, além da Secretaria de Segurança
Pública.
Os veículos foram destinados à Fundação Pestalozzi,
Centro Nova Vida e a Associação Arca de Noé. A Escola Salesiana e
outras entidades também foram aquinhoadas, mas não foi possível ainda
saber a quantidade de carros que supostamente elas teriam recebido.
Algumas contabilizaram a doação em sua declaração de imposto de renda
da pessoa jurídica, mas outras, como a Pestalozzi, que recebeu 161
carros, não fizeram isso.
No caso da Pestalozzi, o valor dos
veículos doados alcança R$ 5,7 milhões, embora os bens não tenham sido
incorporados ao seu patrimônio. Foi descoberto que os carros estão
rodando em diversas capitais brasileiras, e até no Paraguai, nas mãos
de particulares que os adquiriram. O promotor excluiu do trabalho os
carros que não estão trafegando. Durante diligência na Pestalozzi,
Brabo encontrou apenas uma Kombi e um ônibus velho, parados no pátio
da entidade. A documentação dos carros passava pelo Detran de Belém,
onde seria “esquentada”, o que levanta a suspeita dos promotores da
existência de um braço da quadrilha dentro do órgão.
“Essa
situação vem ocorrendo desde 2005, 2007 e 2009. A Pestalozzi recebeu
da Polícia Civil dois termos de doação, três da Segup e outros dois da
PM”, esclareceu. O desfalque no patrimônio da Fundação veio à tona
após análise contábil realizada pela promotoria. Para tentar
identificar os bens, o promotor pediu ao Instituto de Polícia Científica
Renato Chaves que fizesse perícia merceológica, que além de saber a
origem da mercadoria verifica seu uso e destino.
(DOL)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e assim que for possível, o publicarei no blog. Obrigado pela visita.