quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Lula volta ao planalto para 'buscar' seu candidato à prefeitura de SP


Nesta terça-feira (23), porém, o clima era bem diferente. Lula reencontrou o Planalto para um ato alegre e festivo, no qual foi, simbolicamente, buscar o pupilo Fernando Haddad, que se despediu do ministério da Educação depois de seis anos e meio para disputar, graças a articulações do ex-chefe, a prefeitura de São Paulo em outubro.

Lula desceu a rampa interna do Planalto que leva do andar do gabinete presidencial até o Salão Nobre tendo Dilma ao lado e um chapéu preto na cabeça, a encobrir a careca que o tratamento contra o câncer lhe deu. Foi recepcionado pela platéia com aplausos e o velho canto “Ole, ole, ole, olá, Lula, Lula”.

A mesma saudação lhe tido sido feita mais cedo, de forma mais restrita, por funcionários e algumas autoridades palacianas que haviam descido ao subsolo do Planalto para ver o ex-presidente chegar à garagem privativa. Ali, esperavam-no Dilma, o ex-chefe de gabinete e hoje ministro Gilberto Carvalho, Haddad, o novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, assessores, servidores.

Da cerimônia de troca de bastão de Haddad para Mercadante, Lula participou sentado no palco, ao lado de Dilma. Não discursou durante o evento, nem deu entrevista à imprensa depois, mantendo o silêncio que voluntariamente se impôs desde o fim do governo, para não disputar holofotes com a sucessora.

Do palco, viu e ouviu Haddad agradecer aos dois presidentes que o tiveram como ministro da Educação, o terceiro mais longevo da história brasileira. 

Esperança lulista de tomar a prefeitura paulistana e, a ali, ajudar a montar uma trincheira para tentar em destronar, em 2014, os tucanos do comando do estado que administram desde 1995, Haddad fez um discurso político no qual defendeu as duas gestões federais do PT. 

Seriam elas, as responsáveis por uma “revolução silenciosa” na educação, que “garante esse direito a todos os brasileiros”. Seriam elas as responsáveis pela retomada do crescimento econômico.

E tudo teve início, disse Haddad, ressaltando-se professor universitário, “sob o comando de um metalúrgico”.

Foi o ex-presidente Lula que lançou a “semente da dignidade” no Brasil, diria mais tarde, em seus discurso, o novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, embargando a voz, quase chorando, ao falar do amigo de quem por tanto tempo foi um dos assessores mais próximos – embora só com Dilma tenha tido a oportunidade de ganhar um assento no primeiro escalão federal, primeiro na Ciência e Tecnologia, agora na área social.

Na semana passada, quando esteve no Rio de Janeiro para um evento, Dilma conversara com o governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), que foi contemporâneo de Mercadante no Senado entre 2003 e 2006, e ouvira do aliado uma pergunta que revelava surpresa. “Mas o Mercadante para o ministério da Educação?”. “O Mercadante é a maior revelação do meu governo”, respondeu Dilma, segundo relato de uma testemunha.

Ao empossar a Mercadante, Dilma mostrou publicamente porque o auxiliar está em alta. O petista tem um talento "escondido", e do tipo que Dilma adora: “o ministro Mercadante é um excelente gestor”. 

Tratou Haddad com a mesma deferência, classificando-o de “um grande gestor”. Disse que fica “feliz” pelo fato de o agora ex-colaborador encarar um novo “desafio”, sem no entanto mencionar a pré-candidatura à prefeitura. 

Ao encerrar o discurso, agradeceu aos presentes, aos ministros, ao ex-ministro e finalizou, para deleite do antecessor, agora anunciado pela própria presidenta: "Finalmente, eu agradeço à presença do nosso inesquecível presidente Lula”.
(André Barrocal- Carta Maior)

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