quinta-feira, 7 de junho de 2012

Mídia tentou evitar CPI para poupar Perillo do que se vê

Quando Willian Bonner aparece na telinha lá pelas oito e meia da noite, durante o Jornal Nacional, fico prestando atenção em suas expressões faciais. Por mais que seja hábil em disfarçar o que pensa ao dar uma notícia, para mim ele é um livro aberto.
Contentamento e contrariedade, medo e arrogância, clareza ou dissimulação podem ser medidos se você sabe que aquela notícia que está sendo dada é verdadeira ou não ou se sabe qual é a posição de quem noticia este ou aquele assunto.
Analisando como se comportam as expressões de alguém conforme o que pensa sobre o que diz, você passa a conhecer a pessoa. Willian Bonner, para este blogueiro, é um livro aberto…
Exemplo: foi instrutivo ver o âncora do Jornal Nacional relatar a intervenção federal no Banco Cruzeiro do Sul sem citar que a instituição, ora acusada de fraude, pertence à família do ex-candidato a vice-presidente na chapa de José Serra em 2010, Índio da Costa.
Vi a expressão de Bonner quando mentiu – ou omitiu, o que dá no mesmo. Este é apenas um exemplo da técnica que uso para “conhecer” aqueles que precisam de vigilância. Com base nas expressões faciais em situações de mentira, omissão ou sinceridade, você aprende sobre a pessoa.
Nos últimos dias, as expressões desse e de outros âncoras de telejornais que diuturnamente tratam de tentar manipular o público, demonstram desalento. O que os desalenta é a CPI do Cachoeira, que já começa a chegar ao ponto em que a mídia e a oposição tanto temiam.
A mídia tentou impedir a abertura da CPI. Fez ameaças, previu que se voltaria contra o PT, esgrimiu com a tese absurda de que oposição não pode ser investigada por CPI porque esta é “instrumento da minoria”, o que, se fosse verdade, tornaria essa minoria inimputável.
Instalada a CPI, Globo, Folha, Veja, Estadão e assemelhados desandaram a decretar que terminaria “em pizza”, que haveria acordo entre tucanos e petistas porque os dois lados estariam igualmente envolvidos. E, supremo caradurismo, equiparou Agnelo Queiroz e Sergio Cabral a Marconi Perillo.
Colunistas do PIG como Reinaldo Azevedo, Eliane Cantanhêde, Merval Pereira e Ricardo Noblat chegaram a dizer que havia mais indícios contra Agnelo e Cabral do que contra Perillo, que, simultaneamente, diziam um inocente alvejado pelo “desejo de vingança” maligno de Lula.
O que se vê, agora, é muito diferente do que a media “previu”. Até o momento, a CPI não se voltou contra seus autores – que a mídia chegou a negar que eram os governistas, apesar da teoria da “vingança”. Pelo contrário, o que vai ficando claro é que o esquema Cachoeira era, essencialmente, demo-tucano.
Não foi preciso usar informações de fontes sobre a Operação Monte Carlo, apesar de existirem, para concluir que Carlos Cachoeira integrava a máquina denuncista da mídia contra Lula, PT e aliados. Para comprovar, basta analisar as informações que passava à revista Veja.
Durante os oito anos de Lula e o primeiro ano de Dilma, as denúncias de Cachoeira à Veja tiveram um só foco: o governo do PT e seus aliados. Ora, como é possível que estes integrassem o esquema do bicheiro se ele vivia fazendo denúncia contra governistas?
É tão simples, é tão lógico que chega a ser constrangedor ter que dizer isso. É um truísmo, uma platitude, de tão óbvio.
O que a lógica mostra, também, é que a mídia sabe muito menos sobre a Operação Monte Carlo do que insinua. Talvez menos do que blogueiros que vinham dizendo o que aconteceria, ou seja, que o desenrolar dos trabalhos faria com que recaíssem sobre a oposição.
Mas, também, sobre a mídia. Assim como havia informações de que as provas contra Perillo se amontoariam quando a CPI começasse a avançar, também se sabia o que em mais algum tempo ficará mais claro do que já está: Veja e Globo compactuaram com os crimes de Cachoeira em troca de informações que ele levantava contra o governismo.
E a cumplicidade cachoeiro-demo-tucano-midiática não para por aí. Em troca de informações contra o governo federal, contra o PT e seus aliados, alguns dos meios de comunicação acima citados publicavam matérias contra desafetos do esquema de Cachoeira.
Você leu neste e em outros blogs que Perillo iria entrar na roda, e entrou. Agora anote aí, leitor: os próximos serão Gilmar Mendes, Veja e Globo. E contra Agnelo e Cabral não verá nada de relevante simplesmente porque estão do outro lado.
Não se diz, aqui, que o governador de Brasília ou o do Rio de Janeiro são santos. Podem – eu disse, apenas, que podem – ser até dois gangsters, mas no esquema Cachoeira não surgirá nada contra eles. Simplesmente porque o bicheiro trabalhava para a oposição midiática.
(Blog da Cidadania)

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