 |
| Vereador fala sobre apoio incondicional aos portadores de doenças psíquicas |
Hoje (13) pela manhã aconteceu um grande ato público em favor da saúde mental e em defesa das mulheres, no mercado do Ver-O-Peso, em Belém. O evento ocorreu devido ao Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado no último dia 10 deste mês. O local escolhido também foi estratégico, pois no dia oito de setembro, a cidadã Ruth Helena Duarte, portadora de problemas psíquicos, foi brutalmente violentada na maior feira livre da América Latina.
Participaram do movimento: o Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense; a União Brasileira das Mulheres; a Rede Feminista de Saúde; a Rede Nacional Inter-núcleo da Luta Antimanicomial; o Movimento Paraense da Luta Antimanicomial; a Sociedade Paraense da Defesa dos Direitos Humanos; a Rede de Serviços da Saúde Mental de Belém; o Centro de Defesa das Negras do Pará; e a Articulação das Mulheres Brasileiras.
 |
| Usuária agradece ao vereador pelo apoio à luta das mulheres |
“O Movimento Paraense de Luta Antimanicomial repudia a atitude dos sujeitos que violentaram a Ruth. As pessoas estão sendo violentadas na sua dignidade humana e isso é inconcebível. Precisamos ser tratados com dignidade e respeito, principalmente pelo poder público. Queremos que o Estado invista na saúde mental para ajudar as pessoas que estão em tratamentos psíquicos”, afirmou Ester Brito, líder do movimento.
Para Domingas, do Fórum de Mulheres, o poder público precisa integralizar os direitos aos usuários do sistema de saúde mental. “Ontem uma costureira foi espancada pelo marido e ele está solto por aí. Dez por cento da população está sofrendo de saúde mental. Repudiamos a falta de investimento por parte da prefeitura e do Estado. Não existem políticas públicas que respondam à esses questionamentos”, ponderou.
 |
| Diversos movimentos compuseram o ato de repúdio |
O Vereador Marquinho, como presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Belém, foi dar seu apoio e prometeu cobrar satisfações da prefeitura. “A saúde de Belém está um caos, e segundo informações da Sesma, está sobrando dinheiro. Onde está este dinheiro? Onde estão os 48 mil reais dos CAPS? O recurso tem que ser bem aplicado. Precisamos fazer uma grande movimentação para que haja melhorias. A cidadã que foi espancada é retrato de falta de política pública tanto da prefeitura, quanto do governo do Estado", disse o vereador.
Dia 10 de outubro, é o dia Mundial da Saúde Mental, dia estratégico para os movimentos sociais e para toda a sociedade, pois é mais uma oportunidade para se colocar em pauta o debate sobre a assistência dada às pessoas com sofrimentos mentais. Tanto no que se refere às políticas Públicas voltadas a este campo da saúde, quanto ao enfrentamento do preconceito e da exclusão.
ResponderExcluirSegundo pesquisas, 3% da população apresentam transtornos mentais graves e persistentes e 6% apresenta dependência química. Portanto, são muitas pessoas que necessitam de assistência em saúde mental e estão padecendo sem atendimento. O Ministério da Saúde preconiza 1 Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para cada 100.000 habitantes. Só em Belém seriam necessários aproximadamente 16 CAPS, mas o município só conta com oito serviços que foram implantados ainda no governo municipal do PT.
O atual governo municipal de Duciomar Costa, não implantou mais nenhum serviço, e ainda deixou que as estruturas já instaladas fossem deterioradas e as equipes desarticuladas, sem nenhum investimento, mesmo com a política do Governo Federal de incentivo à Saúde Mental. Hoje, os serviços carecem de reformas, não têm banheiros funcionando para os pacientes, faltam medicamentos, equipe técnica, comida e até água.
Há também, a desassistência aos moradores de rua que sofrem com transtornos mentais e que não têm abrigos ou cuidados adequados, mesmo com todo o investimento do Governo Federal, que repassou em 2010 ao Município de Belém (segundo o Movimento da Luta Antimanicomial) R$ 150.000 para a implantação dos Consultórios de Rua, que até o momento continuam apenas no papel. Assim, continuamos a assistir casos de maus tratos, como vimos recentemente, uma moradora de rua com transtornos mentais, sendo espancada por guardas do mercado Ver-o-peso.
Contudo, neste dia Mundial da Saúde Mental, não há só o que lamentar. Nacionalmente, a Política Antimanicomial vem se fortalecendo com a continuação do trabalho feito pela Coordenação Nacional de Saúde Mental, comandada pelo Psiquiatra Pedro Gabriel Delgado por mais de oito anos, e que hoje tem a direção do Psiquiatra Roberto Tykanori, ambos militantes históricos da Luta Antimanicomial Brasileira.
No Estado do Pará, conquistamos nos quatro anos do Governo de Ana Júlia do PT, um aumento significativo de CAPS por todo o Estado, de 24 para 47 serviços ao final de 2010. Conseguimos a criação da primeira Residência Terapêutica do Norte do País, para abrigar oito pessoas que viviam há mais de 20 anos confinadas no Hospital Psiquiátrico e que hoje vivem livres e se relacionam com a comunidade.
Neste período foram criados os Conselhos Gestores nos serviços e também conseguimos fortalecer o Movimento da Luta Antimanicomial com sua auto-organização, para participar da Marcha dos Usuários para Brasília e da IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial.
Portanto, no Governo Ana Júlia, foi estimulado o protagonismo e o fortalecimento do movimento social, que hoje continua na vanguarda da Saúde Mental e propõe para este 10 de outubro de 2011 uma agenda de atividades de visibilidade social da Luta Antimanicomial, como: II Baile da Saúde Mental dia 11, no Palafita, 22h; dia 13, Ato Público na Pça dos Pescadores, 8:30h e dia 14, no Auditório da OAB, às 16h, exibição e debate do filme "As cores da utopia".
Continuemos na LUTA! Sigamos vigilantes para que o legado deixado pelo Governo Ana Júlia não seja também depredado.
Izabela Negrão (Militante do SUS e da Luta Antimanicomial)