Um caos. Foi assim que a população da ilha de Mosqueiro definiu a situação da saúde, após determinação do Secretário Sérgio Pimentel, em desativar o serviço 24 horas de algumas unidades básicas. Para conferir de perto essa triste realidade, o presidente da Comissão de Saúde e Vereador Marquinho, esteve hoje no Distrito acompanhado dos vereadores Otávio Pinheiro (PT) e Carlos Augusto (DEM).
A primeira unidade de saúde visitada foi do bairro de Carananduba. Lá os vereadores foram impossibilitados de entrar. “Aqui se faz apenas atendimento de urgência e emergência. O primeiro atendimento é aqui. Em caso de fratura, imobilizamos e encaminhamos para o hospital. A média é de 30 a 50 pacientes atendidos. Neste feriado atendemos 45 pacientes em uma única noite. Não temos mais farmácia”, declarou o médico Ubaldo Bogéa.
“Estamos precisando de um hospital no Carananduba. Só urgência e emergência não adianta. Temos que esperar a boa vontade dos motoristas de ônibus para nos levar até a Vila. É muito difícil”, relatou uma moradora que não quis se identificar.
A enfermeira Sandra Branco fez outras denúncias. “Aqui é só urgência e emergência. Não sei dizer porque terminou o atendimento especializado. Primeiro acabaram no Maracajá, e depois na Baía do Sol”, afirmou a profissional.
Após escutarem várias denúncias, e serem hostilizados pela guarda municipal da unidade de Carananduba, os vereadores seguiram em comitiva para o posto da Saúde da Família, e lá constataram outras irregularidades. Para o Vereador Marquinho, está ocorrendo desvio de atendimento. “Estou achando estranho o fato de alguns serviços terem vindo pra cá. Os serviços das unidades de saúde estão todos aqui”, disse o vereador.
Enquanto os vereadores conversavam com a equipe de profissionais da Saúde da Família, ocorreu um flagrante. Ivone Assunção, grávida de cinco meses, foi buscar o remédio Meclin, receitado por um médico de outra unidade, e teve que sair de mãos abanando. “Aqui está totalmente abandonado. Estou grávida de cinco meses e tenho que tomar essas vitaminas. Não tenho dinheiro para comprar”, lamentou.
“A Prefeitura de Belém recebeu 2 bilhões e 700 milhões do Governo Federal nos últimos quatro anos só para a saúde. Cadê esse dinheiro? O posto deveria estar todo equipado”, indagou o Vereador Marquinho.
A comitiva seguiu para a unidade do Maracajá, e lá não foi diferente. Muitos moradores disseram não aguentar mais a triste situação. “Nunca consigo ser atendida. Tirei uma ficha pra minha neta para o dia 11 e não me atenderam”, denunciou dona Maria Alice Lopes.
Ivone Assunção não conseguiu retirar seus remédios no posto de saúde |
“Queremos urgência e emergência aqui. Meu neto adoeceu e estava fechado aqui. O (Sérgio) Pimentel fechou, tirou tudo. Fizemos manifestação, mas não adiantou. Se a gente vier a noite, mandam a gente ir lá pro hospital. Como a gente vai sem dinheiro e de madrugada?”, disse Elisabeth Nazareno, moradora do bairro de Maracajá.
Após escutarem várias denúncias, e visitarem cada departamento da unidade de Maracajá, os vereadores seguiram para o Hospital Municipal de Mosqueiro. É neste hospital que estão sendo concentrados os atendimentos 24 horas. Segundo a atendente Maria Tereza, antes o hospital atendia em média 100 fichas (pessoas). Hoje esse número cresceu para 150, podendo chegar até 250 fichas.
“Aumentou muito a demanda. Agora o hospital é casa cheia o dia todo. Ajudaria se as unidades voltassem a funcionar 24 horas. Tem a questão da mobilidade também, que fica difícil. Se for para atender só urgência e emergência a comunidade vai ficar prejudicada”, afirmou o clínico e cirurgião Reinaldo Souza.
E antes de deixarem a ilha, os vereadores receberam mais uma denúncia. O promotor de eventos William Carlos Almeida, que havia recebido atendimento há poucos minutos, disse que o hospital estava sem traumatologista, uma especialidade essencial para qualquer hospital.
"Traumatologia só na quarta-feira. Traumatologia é uma emergência, e precisa estar aqui 24 horas", disse o médico Reinaldo Souza.
ATENÇÃO! Amanhã, às 10 horas, a Câmara Municipal de Belém vai receber o Secretário de Saúde em exercício, Marco Alvarez, para debater sobre a decisão da Prefeitura de acabar com o serviço de atendimento 24 horas em algumas unidades de saúde.Compareça!
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